Começou o ano. Se diz muito por ai que no Brasil o ano só começa depois do Carnaval, não concordo totalmente, mas entendo. Depois das festas de final de ano e férias escolares, o Carnaval fecha, digamos , esta fase mais leve do ano.
Pensando assim, já que o ano começou, é hora de tratarmos de assuntos mais sérios que afetam diretamente nossas vidas. Funcionários públicos como eu, tanto municipais como estaduais, neste período pós Carnaval, começam a esperar ansiosos pelo aumento salarial. Muito justo, haja visto que a capacidade econômica do individuo é determinante para sua qualidade de vida.
Me reportando diretamente a área da Educação onde atuo, esse tema torna-se ainda mais vibrante. Embora a Educação detenha um papel de fundamental importância para a nação, muito ainda há que se conquistar em investimento no setor e de valorização para seus trabalhadores. Como exemplo,um professor em inicio de carreira em Mato Grosso ganha aproximadamente a metade que um operador de trator ou colheitadeira, um professor em final de carreira ganha pouco mais da metade que um Engenheiro Agrônomo que inicia sua vida profissional. Não que nossos amigos das fazendas agrícolas ganhem muito, são os professores que ganham pouco. Muitas poderiam ser as comparações feitas para exemplificar como é desvalorizado o trabalho dos profissionais em Educação no nosso país, mas vamos adiante.
Quando o governo Federal orgulha-se do Piso Salarial dos professores no Brasil (R$ 1.187,00), esquece de dizer que isto equivale a pouco mais de 2 sálarios mínimos, que por si só já é uma miséria, dois , uma miséria menor. Caros amigos, de nada adianta a propaganda em rede nacional nas maiores emissoras de TV do país, tentando resgatar a imagem do professor, usando para isto vários idiomas, se na verdade nada de prático se coloca. Muitos fãs dos governos petistas podem até dizer, mas o PT criou o piso, concordo, criou sim, criou um piso que para mim significa dizer: a partir de hoje neste pais ninguém pode ganhar menos do que quase nada.
Tenho a opinião que as coisas só podem mudar se damos a elas sua devida importância, se somos um país em desenvolvimento é necessário que o investimento em educação seja maciço. Isto não é segredo para ninguém , basta seguirmos a receita de países aziáticos , que depois de um investimento grandioso em educação deram saltos econômicos, científicos e tecnológicos na proporção destes investimentos. A valorização da educação e consequentemente dos profissionais da educação deve ser uma politica de Estado, não meramente planos de governo. Quem não se lembra do ex presidente Lula em palanque criticando o então presidente Fernando Henrique pelo seu veto aos 7% do PIB para educação, no entanto, enquanto esteve no poder (8 anos) não derrubou o veto e até onde pude acompanhar aplicou em torno de 5%.
Enquanto o Estado Brasileiro não desenvolver um política séria para educação em nosso país, que contemple necessariamente a formação, a infraestrutura das redes públicas, o investimento e a valorização do profissional, continuaremos criando cada vez mais propostas pedagógicas, permeadas pala progressão automática, com resultados mascarados, pois não retratam a real qualidade do ensino, a fim de atender apenas a índices estatísticos internacionais.
Em suma, se a educação no país vai mal, a culpa não pode ser atribuída apenas a quem nela atua, mas deve ser atribuída também a quem, no modo macro da organização deste país, não a trata com seu devido valor, não dá a ela seu devido respeito. Não se deve esperar ou cobrar muito de quem tem tão pouco, cobremos sim de nossos dirigentes, em todas as esferas de governo. Necessitamos urgentemente de uma politica educacional progressiva, inovadora e coerente com as necessidades educacionais do povo brasileiro e ao mesmo tempo justa para com seus profissionais.
Paulo Celso
Prezado Paulo Celso, considero muito bem colocadas todas as questãoes a respeito do que se pleiteia para essa classe, e acrescento algumas palavras. Houve um tempo em que ser professor era seguro e de elevada estima. Muitos valores estão invertidos, e ao professor também são dispensados prestigio e apreço diminuidos. Enquanto houver gente que vende seu voto nas eleições, o mal prevalecerá. Como poderão cobrar que se comportem aprovadamente seus representantes? Se eles não lhes devem nada, nem o seu voto - afinal foi vendido. Precisamos todos ajudarmos no ensino do povo votante (eleitor). Aí poderá mudar. Continue assim amigo, temos que fazer a nossa parte. "PARA O MAL PROSPERAR É SÓ O BEM CRUZAR OS BRAÇOS"
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